Vitória do Xingu (PA) – Moradores do travessão do km 27, na zona rural do município de Vitória do Xingu, no sudoeste do Pará, denunciam que madeiras apreendidas por órgãos de fiscalização estão sendo enterradas em uma área isolada. A denúncia ganhou força após o flagrante registrado pelo portal A Voz do Xingu, na última terça-feira (3/6), que acompanhou de perto a movimentação no local.

Foto: A Voz do Xingu
Nossa reportagem flagrou máquinas escavadeiras abrindo grandes valas, enquanto madeiras serradas eram carregadas em uma caminhonete.

Foto: A Voz do Xingu
Imagens aéreas feitas com drone mostram ainda um amplo pátio repleto de toras de madeira, além de caminhões e carretas abandonados em meio ao matagal.

Foto: A Voz do Xingu
As madeiras e veículos estariam no local há mais de seis anos e teriam sido apreendidos durante operações de fiscalização realizadas ao longo da Rodovia Transamazônica. Todo o material foi transferido para o terreno e colocado sob a responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
De acordo com os moradores, a ação de enterrar a madeira teve início há cerca de uma semana. Eles se mostram revoltados com a decisão, alegando que o material poderia ser reaproveitado de forma útil pela própria população da região.
“Tanta gente precisa de madeira para construir uma casa ou até para fazer pontes, e estão enterrando tudo. Já destruíram os barracos que existiam aqui, tudo indo para debaixo da terra. Revoltante isso” relatou um morador que preferiu não se identificar.
POSICIONAMENTO DA EMPRESA NORTE ENERGIA
A Norte Energia informa que a madeira citada na reportagem, que não apresenta condições seguras para outros usos, é remanescente do período de implantação da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Esse material, já em avançado estado de deterioração, teve sua destinação realizada com base em critérios técnicos e ambientais, conforme autorizações emitidas pelo Ibama. O enterramento foi adotado como a alternativa ambientalmente mais adequada, uma vez que, ao se decompor naturalmente, a madeira contribui para o enriquecimento do solo, funcionando como adubo e integrando-se ao ciclo natural da matéria orgânica.
Ressaltamos ainda que a madeira legalmente extraída durante a implantação da usina teve seu aproveitamento priorizado. Parte foi utilizada nas obras da própria Usina Hidrelétrica Belo Monte e outra parte destinada a iniciativas sociais voltadas às comunidades da área de influência do empreendimento — como ribeirinhos e povos indígenas —, por meio da construção e reforma de pontes, escolas, postos de saúde e espaços coletivos.
Já em relação às madeiras em toras e aos veículos apreendidos durante a operação do Ibama, que também se encontram no local, o órgão ambiental ainda não se manifestou publicamente sobre qual será o destino final.
Por Wilson Soares – A Voz do Xingu
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